Com a falta de água se tornando uma realidade cada vez mais frequente nos grandes centros urbanos, inclusive com a possibilidade de corte de vários dias no abastecimento, a prática na Administração de Condomínios tem buscado se precaver.

     Mas, pelo que parece, consumir estritamente o necessário, investir em individualização dos hidrômetros e inspeção de vazamentos, apesar de serem medidas que geram grande economia, não serão suficientes, e a água pode vir a faltar. E para muita gente, a compra sistemática de caminhão-pipa pode não ser uma saída economicamente viável.

     Há quem esteja ampliando sua caixa d´água, ou até comprando uma nova. Vale lembrar que, nesses casos, é importante um estudo para averiguar se a estrutura do condomínio aguenta esse peso extra, principalmente se o reservatório ficar na cobertura.

     Muitos condomínios, porém, podem usar fontes alternativas de água para algumas funções, e deixar a água potável, da concessionária, que é mais cara, apenas para o consumo humano.

Água da chuva

    Uma saída – mais fácil e viável do que parece – para muitos condomínios é captar e aproveitar a água da chuva, já que a maioria das edificações conta com reservatórios de escoamento para águas pluviais. Entretanto, boa parte dos síndicos desconhece a existência desse reservatório ou não pensou nessa possibilidade.

     “Muitos empreendimentos já contam com um reservatório para a água da chuva. O que acontece é que, atualmente, essa água é bombeada para fora do condomínio, para a rua. E é possível alterar essa saída para dentro do condomínio, para usar essa água na limpeza das áreas comuns e na rega das plantas”, ensina Alexandre Furlan, do Instituto Muda.

     A obra é relativamente simples. Ao invés de bombear a água coletada para fora do condomínio, a mesma é levada, através da bomba e de um novo encanamento, para os pontos onde será usada, como torneiras das áreas comuns onde se acoplam mangueiras – seja para limpeza ou para molhar as plantas, por exemplo.

     Vale lembrar que, para fins de votação, essa obra pode ser considerada necessária, uma vez que o quadro atual de falta de água pede cuidados que não podem ser adiados. A economia estimada em um sistema desse tipo é de até 20% a 30% na água utilizada nas áreas comuns.

     Nos empreendimentos que não contam com reservatório, o primeiro passo é pedir orçamentos de empresas especializadas.

     É fundamental que a prestadora de serviços tenha um engenheiro em seu quadro de funcionários, uma vez que, muito provavelmente será necessária uma ART para as alterações que deverão ser feitas no local. Para que o sistema seja viável, o condomínio deve contar com, no mínimo, espaço para mais uma caixa d´água – além do sistema de captação da chuva, que, geralmente aproveita as calhas que já estão instaladas na edificação. O custo parte de cerca de R$ 20 mil por torre.

Reúso da água

     Em alguns condomínios novos, a preocupação com a captação da água pluvial e sistemas de reúso da água já veio desde a construção. Esses empreendimentos contam com encanamento separado para a água do chuveiro e da lavanderia. Há até locais com reservatório apenas para essa água, que deve ser tratada antes de ser armazenada.

     “Caso o edifício tenha uma tubulação independente de água de lavadoras (normalmente existe uma tubulação única que desce passando por todas as lavanderias e encontra a tubulação de esgoto no subsolo/térreo), deve ser feita uma interrupção na tubulação e destinar a água para uma cisterna e assim realizar tratamento físico-químico em um ETAC (Estação de Tratamento de Água Cinzas). Esta água pode ser utilizada para lavar áreas externas, máquinas de lavar, vasos sanitários das unidades e fins não nobres”, explica Daniel Batistucci, diretor da empresa Gmar.

    O custo de implementar um sistema do tipo em um condomínio que já conte com esse tipo de tubulação separada é de cerca de R$ 30 mil, por torre.

     O preço para tratar a água depende, porém, de dois itens: de sua composição (se a água for muito ‘suja’ ou tiver componentes de difícil remoção, por exemplo, é mais caro) e seu uso.

     Se a água for usada apenas para limpeza de áreas comuns e cuidado de plantas, o valor é menor. Caso a água volte para dentro das unidades, para ser utilizada em banhos, descargas e máquina de lavar roupa, o custo se eleva – mas a economia também.

    Nos dois casos, o esperado é que a benfeitoria se pague em menos de 18 meses, gerando uma economia de até 25% da água consumida da concessionária.

     Mas mesmo sendo mais caro, os consultores ouvidos apontam que a necessidade do reúso da água é um caminho sem volta. Ou seja, o investimento com certeza valerá a pena.

Poços artesianos

    Outra alternativa são os poços artesianos. Vale salientar, porém, que ao perfurar um poço pode ser demorado, custoso e existe o risco de não achar água – além de depender, é claro, de haver local propício para isso nos terrenos do condomínio. Apesar de ser uma opção que vem crescendo com a crise, muitos ambientalistas e especialistas não recomendam.

    Segundo Alexandre Furlan Braz, especialista em gestão ambiental e diretor do Instituto Muda, o poço artesiano não é o “plano B” ideal para condomínios.

     Fonte: www.sindiconet.com.br